Além da estabilidade da liberdade concedida aos escravos durante a Guerra dos Farrapos, a pesquisadora analisou as expectativas e escolhas desses homens na época. “A trajetória deles parece ser mais um dos caminhos possíveis para entendermos a dinâmica e os projetos em busca de liberdade no Brasil escravista”, diz Carvalho.
Quatro breves biografias
Para a pesquisa, a historiadora investigou a vida de quatro cativos no período entre 1830 e 1850 – cinco anos antes e cinco anos depois da Revolução Farroupilha. O recuo foi necessário para acompanhar o processo de recrutamento desses homens. O número de biografias analisadas pode aumentar à medida que o estudo avance. Segundo estimativas do exército imperial, os escravos chegavam a compor cerca de um terço do exército farrapo.
Apesar de a pesquisa estar ainda em fase inicial, Carvalho já observou que as expectativas dos escravos estavam relacionadas ao discurso político dos rebeldes sulistas, que lutavam em prol de ideais como liberalismo, autonomia e estabelecimento de uma federação na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Por isso, a historiadora quer saber como a elite lidou, ao fim do conflito, com esses escravos que tinham experimentado certa liberdade, tiveram contato com ideias revolucionárias e estavam conscientes da importância da sua participação nos esforços de guerra.
Carvalho pretende ainda analisar outras questões surgidas durante o levantamento de dados, como a forma com que os escravos se aproveitaram do contexto da guerra a fim de alcançar a alforria.
O Seminário Internacional o Século 19 e as Novas Fronteiras da Escravidão e da Liberdade foi realizado entre os dias 10 e 14 de agosto na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e na Universidade Severino Sombra. Raquel Oliveira
Fonte:
Ciência Hoje On-line 17/08/2009
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