quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Acadêmicos amestrados

Se um marciano aterrissasse hoje no Brasil e se informasse pela Rede Globo e pelos três jornalões, seria difícil que nosso extra-terrestre escapasse da conclusão de que o maior filósofo brasileiro se chama Roberto Romano; que nosso grande cientista político é Bolívar Lamounier; que Marco Antonio Villa é o cume da historiografia nacional; que nossa maior antropóloga é Yvonne Maggie, e que o maior especialista em relações raciais é Demétrio Magnoli. Trata-se de outro monólogo que a mídia nos impõe com graus inauditos de desfaçatez: a mitologia do especialista convocado para validar as posições da própria mídia. Curiosamente, são sempre os mesmos.


Se você for acadêmico e quiser espaço na mídia brasileira, o processo é simples. Basta lançar-se numa cruzada contra as cotas raciais, escrever platitudes demonstrando que o racismo no Brasil não existe, construir sofismas que concluam que a política externa do Itamaraty é um desastre, armar gráficos pseudocientíficos provando que o Bolsa Família inibe a geração de empregos. Estará garantido o espaço, ainda que, como acadêmico, o seu histórico na disciplina seja bastante modesto.

Mesmo pessoas bem informadas pensaram, durante os anos 90, que o elogio ao neoliberalismo, à contenção do gasto público e à sanha privatizadora era uma unanimidade entre os economistas. Na economia, ao contrário das outras disciplinas, a mídia possuía um leque mais amplo de especialistas para avalizar sua ideologia. A força da voz dos especialistas foi considerável e criou um efeito de manada. Eles falavam em nome da racionalidade, da verdade científica, da inexorável matemática. A verdade, evidentemente, é que essa unanimidade jamais existiu. De Maria da Conceição Tavares a Joseph Stiglitz, uma série de economistas com obra reconhecida no mundo apontou o beco sem saída das políticas de liquidação do patrimônio público. Chris Harman, economista britânico de formação marxista, previu o atual colapso do mercado financeiro na época em que os especialistas da mídia repetiam a mesma fórmula neoliberal e pontificavam sobre a “morte de Marx”. Foi ridicularizado como dinossauro e até hoje não ouviu qualquer pedido de desculpas dos papagaios da cantilena do FMI.

Há uma razão pela qual não uso aspas na palavra especialistas ou nos títulos dos acadêmicos amestrados da mídia. Villa é historiador mesmo, Maggie é antropóloga de verdade, o título de filósofo de Roberto Romano foi conquistado com méritos. Não acho válido usar com eles a desqualificação que eles usam com os demais. No entanto, o fato indiscutível é que eles não são, nem de longe, os cumes das suas respectivas disciplinas no Brasil. Sua visibilidade foi conquistada a partir da própria mídia. Não é um reflexo de reconhecimento conquistado antes na universidade, a partir do qual os meios de comunicação os teriam buscado para opinar como autoridades. É um uso desonesto, feito pela mídia, da autoridade do diploma, convocado para validar uma opinião definida a priori. É lamentável que um acadêmico, cujo primeiro compromisso deveria ser com a busca da verdade, se preste a esse jogo. O prêmio é a visibilidade que a mídia pode emprestar – cada vez menor, diga-se de passagem. O preço é altíssimo: a perda da credibilidade.

O Brasil possui filósofos reconhecidos mundialmente, mas Roberto Romano não é um deles. Visite, em qualquer país, um colóquio sobre a obra de Espinosa, pensador singular do século XVII. É impensável que alguém ali não conheça Marilena Chauí, saudada nos quatro cantos do planeta pelo seu A Nervura do Real, obra de 941 páginas, acompanhada de outras 240 páginas de notas, que revoluciona a compreensão de Espinosa como filósofo da potência e da liberdade. Uma vez, num congresso, apresentei a um filósofo holandês uma seleção das coisas ditas sobre Marilena na mídia brasileira, especialmente na revista Veja. Tive que mostrar arquivos pdf para que o colega não me acusasse de mentiroso. Ele não conseguia entender como uma especialista desse quilate, admirada em todo o mundo, pudesse ser chamada de “vagabunda” pela revista semanal de maior circulação no seu próprio país.

Enquanto isso, Roberto Romano é apresentado como “o filósofo” pelo jornal O Globo, ao qual dá entrevistas em que acusa o blog da Petrobras de “terrorismo de Estado”. Terrorismo de Estado! Um blog! Está lá: O Globo, 10 de junho de 2009. Na época, matutei cá com meus botões: o que pensará uma vítima de terrorismo de Estado real – por exemplo, uma família palestina expulsa de seu lar, com o filho espancado por soldados israelenses – se lhe disséssemos que um filósofo qualifica como “terrorismo de Estado” a inauguração de um blog em que uma empresa pública reproduz as entrevistas com ela feitas pela mídia? É a esse triste papel que se prestam os acadêmicos amestrados, em troca de algumas migalhas de visibilidade.

A lambança mais patética aconteceu recentemente. Em artigo na Folha de São Paulo, Marco Antonio Villa qualificava a política externa do Itamaraty de “trapalhadas” e chamava Celso Amorim de “líder estudantil” e “cavalo de troia de bufões latino-americanos”. Poucos dias depois, a respeitadíssima revista Foreign Policy – que não tem nada de esquerdista – apresentava o que era, segundo ela, a chave do sucesso da política externa do governo Lula: Celso Amorim, o “melhor chanceler do mundo”, nas palavras da própria revista. Nenhum contraponto a Villa jamais foi publicado pela Folha.

Poucos países possuem um acervo acadêmico tão qualificado sobre relações raciais como o Brasil. Na mídia, os “especialistas” sobre isso – agora sim, com aspas – são Yvonne Maggie, antropóloga que depois de um único livro decidiu fazer uma carreira baseada exclusivamente no combate às cotas, e Demétrio Magnoli, o inacreditável geógrafo que, a partir da inexistência biológica das raças, conclui que o racismo deve ser algum tipo de miragem que só existe na cabeça dos negros e dos petistas.

Por isso, caro leitor, ao ver algum veículo de mídia apresentar um especialista, não deixe de fazer as perguntas indispensáveis: quem é ele? Qual é o seu cacife na disciplina? Por que está ali? Quais serão os outros pontos de vista existentes na mesma disciplina? Quantas vezes esses pontos de vista foram contemplados pelo mesmo veículo? No caso da mídia brasileira, as respostas a essas perguntas são verdadeiras vergonhas nacionais.

Essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum de novembro. Nas bancas.

Idelber Avelar

sábado, 7 de novembro de 2009

Racismo

E ainda existem pessoas dizendo que não há racismo no Brasil. Vejam o quanto é absurdo o preconceito da jovem mostrada pelo vídeo.




quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Descoberta arqueológica



'Science' dedicou uma edição especial aos artigos que detalham e comentam a descoberta (AAAS/Science)

A família que resultou no que chamamos humanidade está 1 milhão de anos mais velha. Cientistas descobriram um ancestral dos homens atuais de 4,4 milhões de anos. O Ardipithecus ramidus (ou apenas "Ardi", como é carinhosamente chamado) foi descrito minuciosamente por uma equipe internacional de cientistas, que divulgou a descoberta em uma edição especial da revista "Science" desta semana.

O espécime analisado, uma fêmea, vivia onde hoje é a Etiópia 1 milhão de anos antes do nascimento de Lucy (estudado por muito tempo como o mais antigo esqueleto de ancestral humano).

"Este velho esqueleto inverte o senso comum da evolução humana", disse o antropólogo C. Owen Lovejoy, da Universidade Estadual de Kent. Em vez de sugerir que os seres humanos evoluíram de uma criatura similar ao chimpanzé, a nova descoberta fornece evidências de que os chimpanzés e os humanos evoluíram de um ancestral comum, há muito tempo. Cada espécie, porém, tomou caminhos distintos na linha evolutiva.

domingo, 4 de outubro de 2009

Morre Mercedes Sosa

Há dois dias atrás, postei um vídeo com uma versão nacional para uma música de Mercedes Sosa. Por ironia do destino, hoje ela faleceu.

A cantora argentina Mercedes Sosa morreu neste domingo (4), aos 74 anos. Hospitalizada desde 18 de setembro em Buenos Aires, seu estado de saúde se agravou na última semana devido a problemas renais e hepáticos.

Sem perder sua ligação com o folclore, música predominante do interior argentino, Mercedes circulou por diversos gêneros musicais, enfrentou a censura de ditadores e dividiu o palco em todo mundo com músicos de diferentes estilos e gerações.

Centenas de fãs e personalidades fazem fila do lado de fora do Congresso da Nação de Buenos Aires, onde a cantora será velada até o meio-dia de segunda-feira.

Filas longas

Homens e mulheres de todas as idades e com flores nas mãos esperam pacientemente para dar seu último adeus à artista, cujo corpo ficará exposto no Salão dos Passos Perdidos.

"A secretária de Cultura da Nação se despede com profundo pesar de Mercedes Sosa, 'La Negra', uma das mais trascendentais representantes da cultura argentina no mundo", afirmou Jorge Coscia, secretário de Cultura, assegurando que "sua voz é única e será para sempre inesquecível".

"Dona de um repertório comprometido com a identidade latino-americana e mulher de sensibilidade social, 'La Negra' foi uma das maiores figuras do canto popular universal", afirmou ainda.

"A Argentina chora uma de suas filhas mais talentosas", assinalou, por sua parte, o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli.

"Foi uma mulher que transcedeu as fronteiras da música e projetou o folclore não apenas como um emblema artístico e cultural a nível mundial, como também o canto de liberdade e de justiça", acescentou.

"Foi a voz dos que não tinham voz na época da ditadura e levou a angústia pelos direitos humanos na Argentina a todo o mundo", declarou o músico Víctor Heredia, cantor e compositor de algumas músicas que ficaram famosas na voz de Mercedes Sosa como "Razón de Vivir".

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=116924&id_secao=11

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Contra a guerra e ditadura

Descobri agora este vídeo na internet. É a versão em português de um clássico da música latino-americana: Solo lo pido a Dios, de Mercedes Sosa. Assistam.





domingo, 20 de setembro de 2009

SP aprova cobrança em hospital público

Serra defende projeto e diz que críticas são "trololó político

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou na quarta-feira, por 55 votos a 17, o projeto de lei que permite que todos os hospitais estaduais sejam terceirizados e, apesar de públicos, atendam a pacientes particulares e de planos de saúde, mediante cobrança.

O Ministério Público do Estado afirmou que, assim que a norma entrar em vigor, ajuizará ações contra a sua execução. Na visão do Ministério Público, a futura lei fere os princípios de igualdade e universalidade do SUS (Sistema Único de Saúde), pois criará um tratamento diferenciado para os pagantes.

Para que se torne lei, o texto aprovado pelos deputados precisa ser sancionado pelo governador José Serra (PSDB). A aprovação é dada como certa, já que o projeto original foi apresentado pelo governador.

Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2009/09/03/ult955u248.jhtm





quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Em guerra pela liberdade

Estudo aponta fragilidade da alforria concedida a escravos que lutaram na Revolução Farroupilha.

Atraídos pela promessa de receberem alforria, escravos africanos e crioulos engrossaram as fileiras do exército rebelde durante a Guerra dos Farrapos, movimento republicano contrário ao governo imperial que ocorreu entre 1835 e 1845 no Sul do país. Mas a liberdade concedida a alguns deles não foi duradoura, segundo estudo realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A pesquisa, apresentada no Seminário Internacional o Século 19 e as Novas Fronteiras da Escravidão e da Liberdade, realizado na semana passada no Rio de Janeiro, aponta a fragilidade da alforria dada a alguns escravos que se alistaram para lutar na Guerra dos Farrapos. Mas esse ainda é um ponto controverso entre os historiadores.

Segundo a historiadora Daniela Carvalho, autora do estudo, conseguir a tão sonhada liberdade não tornava esses homens necessariamente livres para sempre: negros e crioulos forros podiam retornar ao domínio de seu senhor. “Há indícios de que muitos destes soldados não obtiveram a prometida liberdade, tendo sido remetidos a instituições do Império na corte e, possivelmente, re-escravizados”, conta.

Além da estabilidade da liberdade concedida aos escravos durante a Guerra dos Farrapos, a pesquisadora analisou as expectativas e escolhas desses homens na época. “A trajetória deles parece ser mais um dos caminhos possíveis para entendermos a dinâmica e os projetos em busca de liberdade no Brasil escravista”, diz Carvalho.

Quatro breves biografias

Para a pesquisa, a historiadora investigou a vida de quatro cativos no período entre 1830 e 1850 – cinco anos antes e cinco anos depois da Revolução Farroupilha. O recuo foi necessário para acompanhar o processo de recrutamento desses homens. O número de biografias analisadas pode aumentar à medida que o estudo avance. Segundo estimativas do exército imperial, os escravos chegavam a compor cerca de um terço do exército farrapo.

Apesar de a pesquisa estar ainda em fase inicial, Carvalho já observou que as expectativas dos escravos estavam relacionadas ao discurso político dos rebeldes sulistas, que lutavam em prol de ideais como liberalismo, autonomia e estabelecimento de uma federação na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.

Por isso, a historiadora quer saber como a elite lidou, ao fim do conflito, com esses escravos que tinham experimentado certa liberdade, tiveram contato com ideias revolucionárias e estavam conscientes da importância da sua participação nos esforços de guerra.

Carvalho pretende ainda analisar outras questões surgidas durante o levantamento de dados, como a forma com que os escravos se aproveitaram do contexto da guerra a fim de alcançar a alforria.

O Seminário Internacional o Século 19 e as Novas Fronteiras da Escravidão e da Liberdade foi realizado entre os dias 10 e 14 de agosto na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e na Universidade Severino Sombra. Raquel Oliveira

Fonte:

Ciência Hoje On-line 17/08/2009

A ideologia neoliberal desmentida com dados

Produtividade do setor público supera a do setor privado

O Ipea avaliou a evolução da diferença de produtividade entre esses dois setores entre 1995 e 2006. “Em todos os anos pesquisados, a produtividade da administração pública foi maior do que a registrada no setor privado. E essa diferença foi sempre superior a 35%”, diz o presidente do instituto, Marcio Pochmann (foto). “Há muita ideologia e poucos dados nas argumentações de que o Estado é improdutivo, e os números mostram isso: a produtividade na administração pública cresceu 1,1% a mais do que o crescimento produtivo contabilizado no setor privado, durante todo o período analisado”, acrescenta.

Redação - Carta Maior

A administração pública é mais produtiva do que o setor privado. Essa foi uma das conclusões a que chegou o estudo Produtividade na Administração Pública Brasileira: Trajetória Recente, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O Ipea avaliou a evolução da diferença de produtividade entre esses dois setores entre 1995 e 2006.

“Em todos os anos pesquisados, a produtividade da administração pública foi maior do que a registrada no setor privado. E essa diferença foi sempre superior a 35%”, afirmou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, ao divulgar o estudo. “No último ano do estudo [2006], por exemplo, a administração pública teve uma produtividade 46,6% maior [do que a do setor privado]. O ano em que essa diferença foi menor foi 1997, quando a pública registrou produtividade 35,4% superior à da privada”.

O estudo diz que entre 1995 e 2006 a produtividade na administração pública cresceu 14,7%, enquanto no setor privado esse crescimento foi de 13,5%. “Há muita ideologia e poucos dados nas argumentações de que o Estado é improdutivo, e os números mostram isso: a produtividade na administração pública cresceu 1,1% a mais do que o crescimento produtivo contabilizado no setor privado, durante todo o período analisado”.

Segundo o Ipea, a administração pública é responsável por 11,6% do total de ocupados no Brasil. No entanto, representa 15,5% do valor agregado da produção nacional. “A produção na administração pública aumentou 43,3% entre 1995 e 2006, crescimento que ficou mais evidente a partir de 2004. No mesmo período, os empregos públicos aumentaram apenas 25%. Isso mostra que a produtividade aumentou mais do que a ocupação”, argumentou o presidente do Ipea. "Esse estudo representa a configuração de uma quebra de paradigma, porque acabou desconstruindo o mito de que o setor público é ineficiente”, defendeu Pochmann.

Entre os motivos que justificariam o aumento da eficiência produtiva da administração pública, Pochmann destacou as recentes inovações, principalmente ligadas às áreas tecnológicas que envolvem Informática; os processos mais eficientes de licitação; e a certificação digital, bem como a renovação do serviço público, por meio de concursos.

O presidente do Ipea lembrou ainda que as administrações estaduais que adotaram medidas de choque de gestão, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, não constam entre aquelas com melhor desempenho na produtividade. "Ou tiveram ganho muito baixo, ou ficaram abaixo da média de 1995 a 2006", afirmou, ressalvando que essa comparação não era objetivo do estudo, mas foi uma das conclusões observadas.


Fonte: http://historiaemprojetos.blogspot.com/2009/08/o-discurso-neoliberal-questionado-na.html

domingo, 13 de setembro de 2009

Aberto processo de impeachment contra Yeda

O presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ivar Pavan, aceitou nesta quinta-feira o pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius, encaminhado pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais. Segundo a análise feita pela presidência da Assembléia, foram encontrados pelo menos 26 pontos no processo que vinculam a governadora tucana ao esquema que desviou mais de R$ 40 milhões do Detran. Esses pontos foram verificados em escutas telefônicas, depoimentos à Polícia Federal e à sindicâncias da Procuradoria Geral do Estado de membros do governo muito próximos da chefe do Executivo.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16145

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O petróleo brasileiro

Realmente, a reserva de petróleo descoberta recentemente na costa brasileira é gigantesca. É só analisar os números do gráfico abaixo para ter uma noção das dimensões das reservas petrolíferas nacionais.


Quais foram as piores epidemias da história?

Peste negra matou um terço da população européia no século 14

Quando se fala em quantidade de pessoas que morreram em um curto espaço de tempo, a pior epidemia foi a da peste negra, que assolou a Europa e a Ásia no século 14. Também conhecida como peste bubônica, a doença apareceu em 1348 e, em dois anos, matou um terço da população européia (estimada em 75 milhões de pessoas). A peste é transmitida por uma bactéria, que tem como vetor a pulga do rato. A vítima é picada pelo inseto e o patógeno entra no sistema sanguíneo. De lá, ela pode se alojar nos gânglios, criando os bulbos, mas também pode ir para o sangue, criando uma infecção generalizada, ou ainda comprometendo os pulmões. Quando a bactéria era responsável por uma pneumonia, passava a ser expelida pelas secreções e a doença era transmitida de uma pessoa a outra, facilitando sua disseminação. "A mortalidade foi grande porque, na época, não havia antibióticos e a população não entendia como a bactéria se disseminava", explica o infectologista Stefan Cunha Ujvari. O médico ainda conta que a bactéria nunca desapareceu, mas depois de varrer a Europa continuou vivendo nos ratos e, de tempos em tempos, causava pequenos surtos da doença. Até hoje é possível encontrar a peste bubônica em algumas regiões do mundo, mas atualmente ela é facilmente curada com a ajuda de antibióticos.

Outra epidemia importante é a que dizimou os povos indígenas nas Américas. Quando os europeus chegaram ao Novo Continente, trouxeram consigo doenças desconhecidas dos nativos, como a varíola, o sarampo e a gripe. "As pessoas não dão muita ênfase a essa epidemia porque ela foi progredindo e durou um grande período de tempo. Mas entre os séculos 16 e 19, essas três doenças mataram mais de 80% da população indígena do continente", afirma Stefan.


Também entra no ranking de epidemias mais mortais a da gripe espanhola, que surgiu em 1918. "Há polêmica sobre o número de vítimas que o vírus causou. Mas, em dois anos, entre 20 e 40 milhões de pessoas morreram em decorrência da gripe", diz Stefan. Ele conta que a taxa de mortalidade da doença variou muito. Em países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, ficou em cerca de 0,5% (muito próxima à da gripe comum), mas em nações como a Índia, até 6% dos infectados morreram. Depois de se espalhar pelo mundo, a gripe espanhola sumiu quando a população desenvolveu anticorpos, deixando de ser suscetível à doença. A partir de então, o vírus sofreu mutações e passou a causar gripes comuns. "Algo similar deve acontecer com a gripe H1N1 (a gripe suína). Ela deve ficar em circulação até o final de 2009 e, depois, as pessoas devem criar anticorpos para o vírus", afirma Stefan.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/quais-foram-piores-epidemias-historia-470236.shtml

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Olimpíada em História do Brasil

As inscrições para a 1ª Olímpiada Nacional em História do Brasil foram prorrogadas até o dia 15/9! Mais alguns dias para se organizar.

Mais informações em: www.mc.unicamp.br

Sem terra é executado pela polícia gaúcha

O agricultor sem terra Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, foi morto na manhã desta sexta-feira, com um tiro de espingarda calibre 12 nas costas, disparado por um homem da Brigada Militar, durante ação de despejo na fazenda Southal que deixou dezenas de feridos. Primeira explicação da Brigada disse que Elton tinha sofrido um "mal subito". No final da tarde, MST divulgou fotos do corpo do sem terra, comprovando que ele foi atingido pelas costas. Em nota oficial, movimento responsabilizou o governo Yeda Crusius, o Ministério Público gaúcho e o Judiciário pelo assassinato.

Clarissa Pont

PORTO ALEGRE - O sem terra Elton Brum da Silva foi morto na manhã desta sexta-feira (21) em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, com um tiro pelas costas, desferido por uma espingarda calibre 12 durante desocupação, pela Brigada Militar (a Polícia Militar gaúcha), da Fazenda Southall. O assassinato ocorreu por volta das 8 horas da manhã. Elton deu entrada no hospital quase duas horas depois. O MST, em nota oficial, lamentou com pesar o ocorrido e responsabilizou o governo Yeda Crusius (PSDB), o Ministério Público do RS e a Justiça. Não é a primeira vez que a Brigada Militar usa de truculência durante reintegrações de posse, aliás, a violência contra os movimentos sociais instaurada desde o início do Governo Yeda denota opção clara por tratar as questões sociais, como a Reforma Agrária, como caso de polícia.

“Eu não tava próximo tão próximo no momento dos tiros porque a gente se dividiu em dois grupos. Quando Elton foi atingido, ele estava na frente da trincheira e a cavalaria da Brigada entrou por trás, eram cerca de 80 deles, com espadas. A ação foi muito violenta, tem companheiro nosso com a perna cortada por espada. Quando eu ouvi os disparos, a gente tentou ver o que tinha acontecido, mas foi formado um cordão ao redor pelo batalhão. Nós não podíamos nem abrir os olhos, todos no chão, e eles continuavam batendo. Isso durou uns vinte minutos. Bombas de gás foram jogadas nas crianças, que estavam em grupo que tentávamos proteger. Depois que tudo acalmou, deixaram que nós entrássemos de 10 em 10 pessoas para recolher colchões e coisas do gênero. Foi aí que vimos que, onde aconteceram os tiros, havia uma lona preta, com muito sangue embaixo”.

O relato é de Rodrigo Escobar, militante do MST, que esteve na ação em São Gabriel. Na conversa por telefone com Carta Maior, Escobar contou que muitas crianças foram levadas ao hospital e que os números de feridos divulgados pela imprensa durante o dia não são nem uma pequena amostra do que aconteceu na Fazenda Southall. Além disso, relatou que o comando da ação movida pela Brigada era confuso, e que nem os próprios oficiais presentes se entendiam. “Enquanto uns mandavam ir pra cima, outros diziam para recuar”, disse. Quase duas horas depois, Brum chegou sem vida ao Hospital Santa Casa de Caridade, por volta das 9h40min da manhã. Uma mulher e uma criança também ficaram feridas no confronto, provavelmente com estilhaços do disparo que atingiu o militante.

Nas primeiras horas da manhã, as informações repassadas à imprensa pela Brigada Militar atribuíam a morte de Brum a um mal súbito. O assassinato só foi confirmado na metade da manhã. O ex-ouvidor agrário do Governo Yeda e também ex-ouvidor da Segurança Pública, Adão Paiani, disse que o sem-terra Brum foi morto pela Brigada Militar. Paiani relatou que foi procurado, na condição de ex-ouvidor da segurança pública, por um oficial da BM que assistiu à desocupação da fazenda. Esse oficial teria relatado que o manifestante foi morto durante discussão com um oficial da BM que atua na região da Fronteira. Brum teria dito alguns palavrões para o oficial, que revidou com um tiro de espingarda. O próprio oficial e alguns soldados teriam providenciado a remoção de Brum, ainda vivo, para o hospital de São Gabriel, numa viatura da BM. Ele não portava arma de fogo.

"Extremamente profissional"
Lisiane Vilagrande, promotora de São Gabriel, acompanhou a ação da Brigada durante a desocupação desde as 5h da manhã desta sexta-feira. Segundo ela, a ação “foi extremamente profissional. Em momento nenhum eu senti alguma tensão ou nervosismo por parte dos policias militares que executavam a ação. Foi tudo muito rápido”. No entanto, a promotora não soube precisar a que distância acompanhou a ação. “Fiquei a uma distância razoável, em um ponto mais alto. Nós tínhamos uma visão, mas relativamente limitada. E, além disso, acho que para minha própria segurança, o coronel me manteve a uma distância adequada. Eu estava mais próxima do que a imprensa, mas eu estava bem distante do acampamento em si”. A promotora apenas admitiu ter escutado tiros, e também testemunhou o uso de bombas de efeito moral, de som e de gás lacrimogêneo.

O ouvidor agrário do Ministério Desenvolvimento Agrário (MDA), Gercino Silva, saiu de Brasília no início da tarde rumo ao Rio Grande do Sul. Gercino esteve diversas vezes no Rio Grande do Sul, inclusive na época em que era discutida a desapropriação da Fazenda Southall. A avaliação dele ainda é aguardada. Para o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH), da Assembléia Legislativa do RS, deputado Dionilso Marcon (PT) “é de conhecimento público a truculência usada pela Brigada Militar nas ações de despejo. Mesmo assim, os poderes públicos optam por tratar as questões sociais, como a reforma agrária, como caso de polícia. Dias atrás a Brigada Militar já usou métodos de tortura física para inibir manifestações dos trabalhadores rurais no município de São Gabriel”.

No final da tarde, o MST divulgou duas fotos do corpo de Elton Brum com perfurações nas costas, comprovando que foi baleado por trás, com uma espingarda calibre 12.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16120

domingo, 16 de agosto de 2009

À governadora Yeda Crusius

O governo Yeda Crusius está sob fogo cerrado da oposição, a qual anda fortalecida com a sugestão do Ministério Pública Federal de afastamento da governadora por envolvimento em corrupção. Um pouco antes dessas denúncias virem à tona, outra polêmica rodeou o governo do Rio Grande do Sul quando da resposta da governadora a um grupo de professores que protestava em frente à sua residência. Abaixo, reproduzo a carta que o MOVIMENTO PELA ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA-RS redigiu como resposta às agressões verbais proferidas pela governadora.


Exma. Sra. Governadora do Estado do Rio Grande do Sul,

Yeda Crusius

A sua manifestação, ontem, dia 16 de julho de 2009, pela manhã, escrita em cartaz dizendo que aquelas pessoas que ali estavam não eram professores, mas "torturadores", atinge não somente aqueles professores, que estão em seu pleno direito de reivindicar melhores salários e condições de trabalho, mas também todos os cidadãos brasileiros, vítimas diretas ou indiretas dos crimes cometidos por torturadores ao longo da história do Brasil. A utilização deste termo é uma prova da total falta de conhecimento histórico da senhora, e mais: um grande desrespeito à memória do país, que recentemente passou por um período de ditadura, não só militar, mas com contribuição de muitos civis, muitos hoje acusados de terem, esses sim, torturado pessoas. Com sua declaração, a senhora ignorou totalmente a carga histórica que o conceito de "torturador" carrega. A senhora já ouviu o depoimento de alguém que tenha sofrido, verdadeiramente, uma tortura? Estas pessoas merecem o nosso respeito, o que não observamos na sua atitude.

Isso corrobora para o que estamos chamando atenção há tempos: a utilização inadequeada de adjetivos, sem conhecer seu teor histórico, sem valor explicativo, e usado de forma pejorativa e impune. Isso acontece, também, com o conceito de "terrorista", que é utilizado para a luta armada brasileira, mas nunca atribuído às ações do aparato repressivo do Estado - ainda não desmontado, julgado e condenado - e de grupos para-militares, como o CCC, sigla que ainda hoje circula na sociedade brasileira, e é lembrada como o grande grupo que combatia o comunismo, sem saber de fato o que aquele grupo fez no Brasil.

A sua atitude se assemelha à dos torturadores e repressores, na medida em que, assim como as balas, as palavras ferem, e vêm justamente do lugar que deveria tomar conta de todos os cidadãos, independente de posicionamento político: o Estado. A senhora comparou uma classe trabalhadora, que exercia um direito que fora suprimido por mais de 20 anos, àqueles responsáveis pela supressão do mesmo. Comparou-os a pessoas que cometeram crimes, e que estão por aí, impunes. Isto, senhora governadora, é considerado calúnia, segundo as leis do Estado que a senhora representa.

A senhora sentiu-se intimidada pela manifestação que impediu o direito de ir e vir de seus netos. A senhora sabe que durante os anos 1960, 1970 e 1980, vigoraram no Cone Sul ditaduras civil-militares que sequestraram, torturaram, desapareceram, mataram e apropriaram-se de crianças? Na Argentina, por exemplo, há mais de 500 crianças desaparecidas. Apenas 91 tiveram sua identidade restituída. A senhora sabe como isto foi feito? Através de lutas, confrontos, manifestações, como esta, que se realizava em frente a sua residência.

Seus netos, senhora governadora, provalvemente não saibam o estado em que se encontra a educação pública no Rio Grande do Sul, pois devem frequentar os melhores e mais caros colégios em Porto Alegre. Seus netos não devem fazer idéia do que seja passar trimestres, às vezes anos, sem uma disciplina, por falta de professor; ou estudarem em turmas com 50 alunos, por causa do enturmamento promovido pela senhora; ou enfrentarem as condições precárias em que se encontram muitas escolas; ou não possuírem uma boa educação por falta de recursos; ou encontrarem professores desmotivados pela miséria que é paga todos os meses. Estes sim, são torturados.

Senhora governadora, por todos esses motivos expostos nós, do Movimento Pela Abertura dos Arquivos da Ditadura, escrevemos esta carta com o objetivo de solicitar uma retratação pública da senhora, em frente às câmeras de televisão, para com todos os cidadãos brasileiros, que de uma forma ou de outra, sabem exatamente o que signifca o termo "torturado". Pedimos que a senhora tome essa atitude, em nome de todas as verdadeiras vítimas de crimes de tortura cometidos no Brasil, seja durante a ditadura civil-militar, seja ainda hoje em dia, pelo Estado.

Esta carta seguirá com cópia para órgãos de imprensa e endereços eletrônicos que quiserem publicá-la.

Assinado: MOVIMENTO PELA ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA-RS

Porto Alegre, 17 de julho de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Operação pandemia

A gripe suína é o assunto mais abordado pela imprensa brasileira no momento. Como consequência da intensa veiculação de notícias sobre a H1N1, certo pavor tomou conta da população: máscaras passaram a serem usadas nos hospitais, ruas, praças, salas de aula; pessoas procurando consumir o medicamento Tamiflu indiscriminadamente; recessos escolares sendo ampliados.
Veiculo aqui um pequeno vídeo que descobri no Youtube, o qual apresenta uma versão, no mínimo, diferente da divulgada pela imprensa mundial acerca da gripe A. Não sei qual das versões é a mais verdadeira, no entanto conhecer ambas é extremamente importante para tomarmos nossas próprias opiniões. Cliquem no link abaixo e decidam vocês mesmos.


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A notícia que o resto do mundo não viu!

Recebi de um amigo, Diorge Konrad (professor do Departamento de História da UFSM), o link para notícias que trazem esperanças para a construção da paz entre judeus e palestinos: a visita de líderes judeus não sionistas ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e manifestações judias contra o massacre de palestinos pelo governo de Israel.
Cliquem nos links abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=Jv8TW2Pts_w&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=DMmc9okbfGw&feature=related

quarta-feira, 22 de julho de 2009

1ª Olimpíada Brasileira de História do Brasil

Essa foi uma grata surpresa: a organização da 1ª Olimpíada Brasileira de História do Brasil. A promoção do evento fica por conta do Museu Exploratório de Ciências, da Unicamp, cujo curso de História é um dos melhores do país.

" A 1ª Olimpíada Nacional em História do Brasil é uma iniciativa inédita de estudar e debater a história nacional, por meio da leitura e interpretação de documentos, imagens e textos.

Serão cinco fases online e uma fase final com premiação, disputadas por equipes compostas por até 3 estudantes e um professor de história.

Podem participar somente alunos de oitavo e nono anos do ensino fundamental e do I, II e III ano do ensino médio.

As inscrições vão de 1 de agosto a 1 de setembro de 2009, e a Olimpíada começa no dia 7 de setembro de 2009.

Para participar, as escolas públicam pagam o valor de R$ 15,00 por equipe, e as escolas particulares pagam o valor de R$ 35,00 por equipe"

Interessados, cliquem no link abaixo e boa sorte:

http://www.mc.unicamp.br/atividades/olimpiada/

domingo, 12 de julho de 2009

Jogo educacional sobre Feudalismo

Aqui estão algumas fotos de meus alunos de sexta série se divertindo e estudando ao mesmo tempo com um jogo educacional sobre Feudalismo.







Até os alunos do EJA gostaram do jogo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Fazendo uma múmia na escola

Estava explicando, para duas turmas de 6ª série, como os egípcios faziam as múmias dos faraós. Para deixar a explicação mais concreta e significativa, simulei o processo de mumificação em um peixe no laboratório de ciências da escola.
Infelizmente não tirei fotos da primeira parte da experiência, com o peixe ainda fresco. Só da segunda parte, na qual fui trocar o bicarbonato de sódio, utilizado para conversar o peixe, após duas semanas.











quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Como você era na Pré-História?

Divertido site no qual apresenta uma simulação de como você seria na pré-história. Divirta-se.


http://www.abendita.com/globonews/darwin/

A viagem de Darwin

Interessante infográfico sobre a viagem de Charles Darwin, criador da teoria da evolução das espécies. Pena que em inglês. Contudo, vale a pena conferir. É só clicar no endereço abaixo:

http://www.emack.com.br/bsb/webquest/bsb/2005/geografia/index.html

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Quadrinhos em História

Cada vez mais os quadrinhos e os desenhos animados com base em acontecimentos históricos estão sendo produzidos. Tais recursos só vem a enriquecer as possibilidade do ensino de História, pois deixam o aprendizado mais lúdico. Aqui vai apenas um exemplo do que poderá ser usado em sala de aula.



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