Resposta da ANPUH ao artigo da Folha de S.Paulo
PROFISSÃO DE HISTORIADOR:
MARCHA DA INSENSATEZ OU DO DESCONHECIMENTO?
Nós, historiadores profissionais, sabemos que uma das regras básicas do
nosso ofício é a elaboração de um discurso de prova, assentado na
pesquisa e na crítica dos vestígios do passado, os documentos. Fernando
Rodrigues, por não ter essa formação, talvez desconheça essa regra tão
elementar e, por isso, não se deu ao trabalho de ler com atenção o
documento que deveria balizar a sua análise (sic) publicada no jornal
Folha de São Paulo de 10 de novembro de 2012: o Projeto de
Regulamentação da Profissão de Historiador, aprovado no Senado Federal
na última quarta-feira. Em nenhum momento este projeto veda que pessoas
com outras formações, ou sem formação alguma, escrevam sobre o passado e
elaborem narrativas históricas. Apenas estabelece que as instituições
onde se realiza o ensino e a pesquisa de História contem com
historiadores profissionais em seus quadros, por considerar que, ao
longo de sua formação, eles desenvolvem habilidades específicas como a
crítica documental e historiográfica e a aquisição de conhecimentos
teóricos, metodológicos e técnicos imprescindíveis à investigação
científica do passado. Da mesma maneira, a regulamentação pode evitar
que continuem a se verificar, nos estabelecimentos de diversos níveis de
ensino, situações como a de o professor de História ser obrigado a
lecionar Geografia, Sociologia, Educação Artística, entre outras
disciplinas, sem ter formação específica para isso (e vice-versa).
Temos certeza que o Senador Cristovam Buarque, tão sensível aos
problemas da educação brasileira, apóia esta idéia, pois ela possibilita
um ensino mais qualificado.
Temos certeza também que o Senador
José Sarney, conhecedor do teor do projeto, está tranqüilo, pois sabe
que não vai ser impedido, como nenhum cidadão brasileiro, de escrever
sobre a história de seu estado, ou de qualquer período, indivíduo,
localidade ou processo. Isso atentaria contra as liberdades
democráticas, das quais os historiadores profissionais são grandes
defensores.
Fique tranqüilo senhor Fernando Rodrigues, o senhor
também poderá escrever sobre história. Só sugerimos que leia os
documentos necessários antes de o fazer.
Benito Bisso Schmidt
Presidente da Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil
Temos certeza que o Senador Cristovam Buarque, tão sensível aos problemas da educação brasileira, apóia esta idéia, pois ela possibilita um ensino mais qualificado.
Temos certeza também que o Senador José Sarney, conhecedor do teor do projeto, está tranqüilo, pois sabe que não vai ser impedido, como nenhum cidadão brasileiro, de escrever sobre a história de seu estado, ou de qualquer período, indivíduo, localidade ou processo. Isso atentaria contra as liberdades democráticas, das quais os historiadores profissionais são grandes defensores.
Fique tranqüilo senhor Fernando Rodrigues, o senhor também poderá escrever sobre história. Só sugerimos que leia os documentos necessários antes de o fazer.
Benito Bisso Schmidt
Presidente da Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil
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